O Kakadu National Park fica a leste de Darwin, na região a que os australianos chamam Top End. É uma zona de clima tropical, com uma estação seca e mais fresca, mais ou menos coincidente com o nosso verão, e uma estação húmida e quente, por altura do nosso inverno. Durante a estação húmida o parque fica virtualmente alagado, limitando muito a possibilidade de visitas.
O parque é território aborígene e os turistas apenas estão autorizados a circular por determinadas estradas, estando o acesso à área restante dependente do convite e acompanhamento de nativos. A primeira coisa que surpreende, mesmo antes de se entrar no parque, é a vegetação, que não é luxuriante como eu esperava. Durante a estação húmida dá-se o crescimento de uma erva, spear grass, que pode atingir 3 metros de altura e cobre todo o solo. Esta erva forma umas pontas de seta, com 2 ou 3 mm, que se espetam na pele dos animais e lhes causam grande sofrimento e mesmo a morte. Desde há milhares de anos que os aborígenes criaram o hábito de lançar fogo à erva, à medida que os terrenos começam a secar. Estes fogos apagam-se por si e são limitados, porque as zonas ainda húmidas não ardem. As árvores existentes nesta região, em grande parte uma das muitas variedades de eucaliptos, adquiriram resistência ao fogo, que passou a fazer parte da ecologia.
O parque permite ver, para além da variedade da vegetação, uma grande quantidade de vida selvagem, nomeadamente aves, wallabies e crocodilos, e tem uma impressionante quantidade de pinturas rupestres, que cobrem um período extenso, desde há dezenas de milhar de anos até à actualidade. Para quem sabe interpretar as pinturas, elas contêm indicações para a vida e subsistência dos povos locais. Em conjunto com as canções, transmitidas entre gerações, estas pinturas dão aos aborígenes todas as indicações de que necessitam para a sua subsistência.
Fiquei muito impressionado por existirem ali vários milhares de locais ricos de pinturas rupestres, a grande maioria ainda não identificada, dos quais quase nada se sabe na Europa, quando aqui nos empolgamos com qualquer local onde apareça a representação de um animal.
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