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Escolha difícil

Nas próximas eleições vou ter que escolher entre Sócrates e Passos Coelho, decisão que se revela deveras difícil. Habitualmente uso o critério de votar em quem me inspira mais confiança mas se não confio no primeiro desconfio do segundo. Sendo assim, a minha escolha vai ter de basear-se em critérios secundários os quais, neste momento, me parecem favorecer o PSD; estou a pensar no critério da alternância, que evita que um partido se apegue ao poder, e no critério da eficácia, atendendo a quem terá melhores condições para formar um governo estável.

A verdade é que o essencial do programa de governo está feito no acordo com o FEEF, não deixando grande margem para a criatividade governativa, por isso quase apetece dizer que tanto faz… A hipótese de votar noutro partido não me repugna, em princípio, mas não há nenhum lider que me inspire confiança neste momento. Já a hipótese do voto em branco, defendida por muita gente como um voto contra tudo, não me agrada, de todo, porque prefiro ter alguma influência na escolha do que deixá-la inteiramente aos outros.

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A grande cartada

Passos Coelho tirou da mão uma carta inesperada que, de repente, veio deixar meio mundo de boca aberta. Ao colocar o Dr. Fernando Nobre como cabeça de lista por Lisboa, com a promessa de que será indigitado Presidente da Assembleia da República caso o PSD sai vencedor das eleições, Passos Coelho pensa trazer para o seu partido uma parte daqueles que votaram Fernando Nobre nas últimas presidenciais; alguns conseguirá mas muitos sentem-se traídos.

Lembro-me de que, sendo dos apoiante da candidatura de Fernando Nobre, me manifestei de forma clara quando o slogan mudou e deu a entender que aquela candidatura se faria contra os partidos. O Dr. Fernando Nobre manteve sempre uma grande ambiguidade relativamente à sua posição face aos partidos, mas não há dúvida de que quase todos os seus apoiantes o colocavam num patamar supra-partidário, do qual ele acaba de se apear.

Este golpe de cintura não faz do Dr. Fernando Nobre um político menos sério do que os restantes, só que nos habituámos a julgá-lo melhor do que a maioria; ao aceitar a nomeação tornou-se apenas mais um, igual a tantos.

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É a vez do PR

Ontem Sócrates teve o que merecia como pessoa; e nós? Agora vamos ver se realmente temos um Presidente da República, porque é dele que depende a evolução da situação política no futuro imediato. Para já, o PR decide se e quando aceita a demissão do Primeiro Ministro o qual, até essa data, continua em funções plenas e não em gestão. Isto é muito importante, porque há decisões importantes a tomar imediatamente que podem ser tomadas por um Governo com poderes plenos e que estão vedadas a um Governo de gestão.
Uma vez aceite o pedido de demissão, cabe ao PR decidir se procura uma solução governativa no âmbito da actual Assembleia da República ou se, pelo contrário, dissolve a Assembleia e convoca eleições. Uma solução governativa sem dissolver a AR não é impossível, desde que seja encontrada uma personalidade relativamente consensual para liderar uma coligação; evidentemente que não poderá ser José Sócrates mas poderá haver outro.
Cavaco Silva foi eleito com uma maioria expressiva de votos, prometeu ser interveniente, vamos ver se está à altura.

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Já chega!

Até agora achei que a estabilidade política era essencial para o país e, por isso, fui sustentando que este Governo merecia a colaboração da oposição, tendo em vista o interesse maior do país. Nos últimos dias a minha opinião mudou, primeiro porque o Presidente da República tomou posse e tem poderes para dissolver a Assembleia da República; isso quer dizer que uma crise política agora não coloca o país num beco sem saída, como acontecia antes. Para além disso, as manifestações de descontentamento, com a manifestação da geração à rasca e agora a greve dos camionistas, mostram que o Governo está sem soluções para propor aos portugueses. A somar às considerações anteriores, fica a arrogância e desprezo do Primeiro Ministro ao anunciar novas medidas de austeridade, sem negociação no país, a qual substituiu por uma negociação com Bruxelas.
Não tenho dúvidas de que qualquer Governo terá que manter e talvez agravar as medidas de austeridade actuais; penso que haveria que ir muito mais longe na redução de gastos supérfluos mas admito que isso não chegue. De qualquer modo julgo que este Primeiro Ministro perdeu toda a credibilidade junto dos portugueses e nesta altura necessitamos de um Primeiro Ministro que tenha o apoio da maioria da população, por isso acho que tem que haver eleições antecipadas.

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CNE lava as mãos

A CNE defendeu no Parlamento que precisa de alterações legislativas para poder actuar em caso de detecção de erros nos cadernos eleitorais ou no apuramento de resultados das eleições, porque a lei actual não lhe permite ir além daqueles lapsos que resultam do próprio texto (sic). Não sei muito bem a que texto se referia o Presidente da CNE mas parece que, mesmo que os cadernos eleitorais tenham erros grosseiros, a CNE está manietada pela lei. Se isto não é lavar as mãos não sei o que é. Ler no Público.

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O Governo está morto

A frase é de Marcelo Rebelo de Sousa, no domingo na TVI, e resulta da constatação de que se o PSD apresentar uma moção de censura esta será apoiada pelos outros partidos da oposição. Isto quer dizer que é Passos Coelho quem tem nas mãos a decisão de fazer cair o Governo, na altura que lhe parecer mais apropriada.

Embora as coisas não estejam a correr tão mal como se especulou no que respeita à dívida do Estado, a verdade é que a imagem pública deste Governo está profundamente degradada e tem vindo a piorar com sucessivas trapalhadas e emendar de mão em vários ministérios. É de esperar, portanto, que dentro de alguns meses sejamos chamados a votar, agora para a Assembleia da República, mas aí é que me parece que nada está decidido, porque a morte do Governo pode não ser a morte de Sócrates. Até porque há uma tendência para as votações penalizarem aqueles que provocaram a queda do Governo.

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Responsabilidade política

O que se passou nas eleições de domingo passado com os cidadãos que tiveram dificuldade em votar porque os sistemas de apoio informático saturaram é inaceitável e tem levado os partidos da oposição a exigir que o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, assuma a responsabilidade política pelo caso, demitindo-se.

Em Março de 2001, aquando da tragédia de Entre-os-Rios, o Ministro do Equipamento Social da altura, Jorge Coelho, demitiu-se, porque se considerou politicamente responsável pelo sucedido, embora não tivesse nenhuma responsabilidade directa.

Pergunto o que exige mais coragem e constitui maior penalização quando as coisas correm mal: demitir-se e deixar que sejam outros a resolver os problemas ou ficar no seu posto e tratar de encontrar os responsáveis directos e garantir que, no futuro, circunstâncias semelhantes não terão as mesmas consequências.

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De cedência em cedência

O Governo de José Sócrates está num beco sem saída, porque precisa de fazer cedências ao PSD para conseguir aprovação parlamentar das medidas que necessariamente tem que tomar e essas cedências reforçam o prestígio de Passos Coelho e afundam Sócrates. A dramatização e eventual demissão do Governo também não convêm ao PS neste momento, que sairia derrotado em eleições antecipadas. Como se esperava, Passos Coelho está a retirar dividendos políticos do acordo que fez com Sócrates.

Julgo que o país dispensaria bem um novo processo eleitoral, depois das três eleições do ano passado e a poucos meses da eleição para Presidente da República, por outro lado uma situação política clara e um governo de maioria ajudariam muito na aplicação das medidas de austeridade, que se tornaram indispensáveis. O próximo episódio quente é o das portagens nas SCUT, onde me parece que ou o Governo se aproxima das posições de Passos Coelho, aumentando o prestígio deste, ou faz finca pé e a demissão torna-se quase inevitável; qualquer dos cenários é negro para o PS.

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O slogan de Fernando Nobre

Fernando Nobre adoptou um novo slogan: Recomeçar Portugal. Devo dizer que não gosto, apesar de ser apoiante da candidatura. A coisa começou quando apareceu na página do Facebook de Fernando Nobre um post do próprio em que se lia, a certa altura, “… vamos recomeçar Portugal sem os partidos, mas com as pessoas e as famílias…” Isto foi interpretado por muita gente como uma posição anti-partidária, o que foi posteriormente contradito pelo candidato. Mesmo que não fosse essa a intenção, a verdade é que era a leitura mais imediata e a frase não foi retirada.

Agora o slogan Recomeçar Portugal aparece nos cartazes e logotipos de Fernando Nobre e eu não entendo o que significa. Gostei bastante da entrevista que deu ao DN e TSF, que me pareceu muito sensata e equilibrada, e não vi nela qualquer intenção de desconstruir para construir de novo, que parece ser o sentido do slogan. É verdade que os slogans têm, habitualmente, muito pouco significado e destinam-se, antes de mais, a captar a atenção, mas esperava que Fernando Nobre tivesse mais cuidado na escolha do seu.

Fernando Nobre assume-se como um candidato supra-partidário, não anti-partidário, o que , para mim, significa que estará preparado para trabalhar com qualquer partido que os portugueses escolham, em eleições livres, que exercerá a sua influência sobre a governação, de acordo com os seus valores e a constituição, mas nunca que será um obstáculo à governação ou que tentará ser ele a governar; se entendi mal tenho que rever a minha posição de apoio.

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PSD a subir e PS a descer

Na última sondagem da Marktest o PSD aparece próximo da maioria absoluta e o PS aparece em queda livre; não me espanta que assim seja, pesem embora todas as reticências que devem ser colocadas nos resultados das sondagens. Já aqui escrevi que achava responsável a actuação de Pedro Passos Coelho e que este haveria de tirar dividendos políticos da sua actuação. Pedro Passos Coelho poderia ter provocado a queda do governo, precipitando eleições cujo resultado seria imprevisível; não o fazendo, teve em conta o interesse do país e assegurou para si um crédito de confiança que o vai beneficiar nas próximas eleições, a realizar no fim do mandato, de preferência.

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