É legítimo obter um diploma de licenciatura fazendo apenas quatro exames e adquirindo créditos para todas as outras disciplinas com base em equivalências concedidas em consideração da experiência profissional anterior? É legítimo mas, quando a universidade é uma universidade privada e o estudante é um político, são inevitáveis as suspeitas de favorecimento. A verdade é que, por todo o mundo, é possível obter diplomas comprados, sem nunca fazer qualquer exame ou frequentar aulas, sendo certo que todos os diplomas carregam o prestígio, ou a falta dele, da universidade que os passa; e o prestígio consegue-se através de todo um historial de seriedade obtido ao longo dos anos. Na minha opinião os casos recentes vindos a público na sociedade portuguesa contribuem para o desprestígio das respectivas universidades e dos estudantes que recorreram ao estratagema.
Há pouco tempo assisti às provas de doutoramento, numa universidade pública, de alguém que não era detentor de licenciatura. A pessoa em causa tem dezenas de anos de trabalho profissional e científico na área em que veio a doutorar-se, tem muitos livros publicados e escreveu uma tese, durante alguns anos, com orientação científica; o júri do doutoramento era constituído por investigadores de grande prestígio, que foram unânimes em elogiar o trabalho realizado. Este caso serve de exemplo para a forma como uma universidade prestigiada lida com a validação do trabalho profissional para fins académicos, que é totalmente distinta dos diplomas relâmpago.