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A água dos senhores deputados

Num estudo recente, a Assembleia da República concluiu que fornecer aos deputados água engarrafada, como tem sido hábito, fica 30 vezes mais barato do que fornecer-lhes água da torneira. É claro que no preço da água da torneira pressupôs-se que haveria jarros e copos de vidro, que seriam lavados e desinfectados, sendo necessário considerar o custo do pessoal para efectuar essas operações, assim como teve que ser prevista alguma quebra de recipientes, que terão que ser substituídos.

Posta a questão desta forma até não surpreende que a água da torneira fique muito mais cara do que engarrafada, mas o resultado seria muito diferente se cada deputado levasse a sua garrafinha e a fosse encher à torneira ele próprio. A propósito, porque hão-de os senhores deputados ter direito a água de borla, quanta quiserem? E um professore que tem que se fazer ouvir por uma turma de vinte e tal alunos irrequietos e tem de suportar o pó de gis? Alguém lhe oferece água?

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Professores aprendem a gerir conflitos

É um projecto piloto, que envolve 225 professores de várias escolas, preparando-os para prevenir e gerir os conflitos e indisciplina que se generalizaram nas Escolas. Diz o coordenador do projecto, João Amado: Desde que comecei a trabalhar nesta área, no início dos anos 90, a indisciplina (entendida num sentido lato) não só aumentou como se generalizou. Hoje não se confina a uma ou outra escola dita problemática e tem, na maior parte das vezes, raízes nas famílias dos alunos, umas vezes por estas serem desestruturadas, outras porque são cada vez mais permissivas e menos capazes de incutir regras nas crianças.

Por várias razões a família deixou de funcionar e à Escola exige-se que, muito mais do que complementar a acção familiar, se substitua à família. Esta constatação já seria bastante grave por si só, mas é agravada pelo facto de terem sido retirados aos professores os meios eficazes para manter a disciplina.

Ler mais no Público.

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Quando o aluno é indisciplinado

As direcções das escolas não sabem, ou não podem, lidar com alunos indisciplinados. A notícia que apareceu hoje, relativa a um aluno da Escola Secundária de Vila Nova de Paiva, que é regularmente fechado numa sala, sozinho, como punição para a sua indisciplina, veio mostrar como estão de mãos atadas as direcções das escolas.

Que é desumano fechar uma criança numa sala, é; mas a alternativa é permitir que o aluno perturbe constantemente o funcionamento das aulas, porque a direcção da escola não dispõe de meios para impor a disciplina. Pode pensar-se que existem outras formas de punição mas, se o aluno for do tipo que diz “não faço” a qualquer ordem que lhe dêem, a direcção da escola fica sem saber o que fazer.

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Dia mundial da voz

Celebra-se hoje o dia mundial da voz, naturalmente para chamar a atenção para os cuidados que todos devemos ter com a voz. Já hoje ouvi um comentário do director do serviço de otorrinolaringologia, do Hospital de Santa Maria, que falou da importância da voz para todos, da necessidade de ter uma postura correcta, de beber muita água, etc..

Lembrei-me de mencionar, a este propósito, o cuidado com a postura e com a voz, de dois políticos de ascensão recente: Barack Obama e Pedro Passos Coelho. Julgo que em ambos é notório o cuidado com a colocação da voz e penso que tal não será alheio ao seu sucesso.

Vale a pena lembrar, também, a classe dos professores, que usa e abusa da voz sem que tenha qualquer formação para isso. Por essa razão, os professores estão sujeitos a um cansaço maior do que seria necessário e correm o risco de contrair enfermidades evitáveis.

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O ensino estará menos exigente?

Por favor olhe para as 3 figuras abaixo e verifique que todas formam a figura de um T e que a primeira tem 4 estrelas, a segunda 7 estrelas e a terceira 10 estrelas.

        1      2        3

       ***   *****   *******
        *      *        *
               *        *
                        *

Se continuasse a desenhar figuras, seguindo a mesma regra, quantas estrelas teria a figura nº 100?

Se pensar um pouco, é capaz de concluir que tem 4 + 99 x 3 = 301 estrelas.

Este problema é adequado para crianças de que idade? Pois saiba que foi proposto aos alunos do 2º ano de escolaridade (7 anos de idade), para resolver em casa, na Escola Básica de Lanhelas, Caminha.


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Contrato vergonhoso

O Governo assinou um contrato com as universidades e politécnicos, que prevê um financiamento extra de 100 milhões de euros no corrente ano, provavelmente também nos anos seguintes, para que haja mais 100 mil diplomados no ensino superior nos próximos quatro anos.

Punhamos as coisas em perspectiva. Todos os anos saem do ensino superior cerca de 66 mil diplomados e pretende-se aumentar este número em 25 mil. Por outro lado, o número de vagas abertas para novos alunos é excedentário relativamente à oferta e todos os anos sobram vagas. Além disso, as licenciaturas têm, em geral, uma duração de 3 anos, pelo que alunos admitidos agora só teriam reflexo no número de licenciados no quarto ano de vigência do contrato, isto na melhor das hipóteses. Então como é que os estabelecimentos de ensino vão cumprir o contrato?

Segundo a notícia, os cursos de especialização tecnológica (CET), as formações para os maiores de 23 (M23) e o ensino à distância são os instrumentos que as instituições vão ter que desenvolver, quer dizer, são as “Novas Oportunidades” transportadas para o ensino superior e não tenhamos dúvidas de que vão ter um sucesso idêntico às suas congéneres do ensino secundário. Mas isso não chega; as universidades e politécnicos vão ter que diplomar todos aqueles alunos repetentes que se encontram inscritos mas não progridem nos estudos. Para consegui-lo vai ter que ser implementado um sistema de avaliação de docentes que premeie aqueles que passam os seus alunos.

Se o mercado de emprego já se queixa da baixa qualidade dos licenciados actuais, se há tanto desemprego entre recém-licenciados, imagine-se o que vai ser com mais 30% de licenciados de baixa qualidade todos os anos.

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A luta dos professores vai regressar?

Eu vaticino que a luta dos professores não vai regressar, apesar de não ser possível o acordo total com os sindicatos. José Leite Pereira afirma, no Jornal de Notícias “Mas não vale a pena ter ilusões: a luta dos professores vai regressar, a menos que o Governo recue uns anos e a avaliação seja bem diferente do que está a ser proposto agora, ficando tão inútil como era então.” Eu não concordo porque estou recordado de que a grande maioria dos professores não é sindicalizada e de que foi a diabolização dos professores feita pela anterior ministra que agregou a classe em torno dos líderes sindicais. Vaticino que os sindicatos procurarão retomar a luta mas que a mobilização vai ser decepcionante.

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Mudanças no 3º ciclo do básico

A Ministra da Educação anunciou uma redução do número de disciplinas no 3º ciclo do ensino básico, sem alterar a carga horária. Trata-se de uma medida de bom senso, porque só mentes perversas podem ter arquitectado a situação presente, em que os alunos têm 13 disciplinas, algumas das quais não se percebe de todo para quê.

O acordo com a FENPROF parece-me cada vez mais difícil, apesar de a Ministra afirmar que as negociações não estão encerradas. Aquilo que a FENPROF defende é uma utopia que o Governo não pode aceitar: a progressão por mérito independente de quotas. O resultado de uma progressão sem quotas é a inflação das classificações de avaliação, sendo que, a breve prazo, todos os professores teriam classificação excelente. Penso que vai ser possível um acordo com alguns sindicatos, talvez um acordo parcial com a FENPROF, mas um acordo que não terá dificuldade em passar na Assembleia da República com os votos contra do BE e, talvez, do PCP.

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Acordo com a FENPROF não é possível

Mário Nogueira entende que o fim da divisão dos professores em duas classes não pode ter como contrapartida o estabelecimento de quotas de progressão entre escalões. A FENPROF defende uma progressão na carreira dependente apenas do mérito, independentemente dos custos financeiros, e o Governo não vai poder dar satisfação a essa pretensão, portanto o acordo não vai ser possível.

Penso, no entanto, que a FENPROF está muito longe de representar a classe dos professores e que a maioria destes concorda com uma avaliação consequente, desde que essencialmente baseada no desempenho da actividade pedagógica e expurgada das aberrações que colocavam professores menos qualificados a avaliar colegas com mais experiência ou qualificação.

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O Governo e a avaliação dos professores

Há umas semanas escrevi aqui que a solução para o problema da avaliação dos professores passava por encontrar um compromisso que permitisse a Governo e sindicatos salvar a face, quer dizer, que permitisse ao Governo dizer que se tratava de um aperfeiçoamento do modelo existente e aos sindicatos dizer que o modelo tinha sido suspenso.

Após a votação na AR, que permitiu fazer passar a proposta de recomendação do PSD, é isso que está a passar-se. O Governo insiste em que o modelo de avaliação não foi suspenso, porque o primeiro ciclo de avaliação vai ser levado até ao fim, mas mandou suspender os procedimentos relativos ao segundo ciclo. Os sindicatos podem dizer que o modelo foi suspenso porque, de facto, foi suspenso o segundo ciclo de avaliações, que deveria estar a iniciar-se, segundo os calendários estabelecidos.

Penso que os problemas surgiram apenas porque a anterior Ministra da Educação era uma pessoa prepotente, sem qualquer capacidade de diálogo, que entendeu hostilizar os professores desde o início do seu mandato. Antes de Maria de Lurdes Rodrigues a maioria dos professores não se revia nas posições dos sindicatos nem tinha espírito de classe. Os primeiros protestos foram manifestações convocadas por telemóvel mas, claro, quando se tratou de negociações só os sindicatos estavam legitimados para representar a classe. Tenho esperança de que, dentro de pouco tempo, a questão tenha desaparecido dos noticiários.

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